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A (quase) participação dos graduandos nos eventos acadêmicos

Ao organizarmos o I COGITE, tínhamos em mente um evento que divulgasse o trabalho do grupo Cataphora, mas que, principalmente, proporcionasse discussões e reflexões acadêmicas tendo em vista um público alvo que, muitas vezes, não está acostumado com isso na Universidade: os alunos da graduação. Creio que o I COGITE conseguiu atingir com eficiência esses objetivos, embora para a próxima edição tenhamos a pretensão de atingir um público maior de estudantes, possibilitando não só que eles assistam e discutam pesquisas, mas que também produzam pesquisas. A experiência com a organização do I COGITE nos fez pensar nos eventos científicos (especificamente da área de Letras) que temos visto e participado, e alguns questionamentos começaram a aparecer nas nossas conversas.

Um desses questionamentos se refere à participação de alunos de graduação nos eventos maiores. O que se vê muitas vezes é a situação de as apresentações de graduandos serem colocadas em segundo plano, geralmente em apresentações de pôsteres, em horários ruins ou concorrendo com outra programação do evento. O problema não é tanto as apresentações serem feitas em pôster — embora eu, particularmente, ache que o pôster não seja a melhor forma ou a mais eficiente de apresentar trabalhos —, mas o destaque que se dá a elas. É que fica parecendo que se quis dar uma oportunidade aos trabalhos da graduação, mas não se acredita tanto neles (pela pressuposição de falta de experiência acadêmica, talvez) a ponto de dar-lhes um destaque maior. A julgar pela boa qualidade e desenvoltura de muitos trabalhos de alunos da graduação que tenho visto, esse cenário nem sempre se justifica.

No I COGITE, algumas boas surpresas que tivemos foram as apresentações dos graduandos do grupo (César, Beatrice e Ismael), integrados ao grupo de discussão e com trabalhos consistentes, o que é um indício de que estudantes de graduação podem, sim, apresentar trabalhos bacanas e com uma qualidade na apresentação equiparável a de apresentadores mais experientes e, portanto, são merecedores de um espaço de destaque também. Além disso, é bem provável que dar maior relevância à divulgação de boas produções dos graduandos incentive outros graduandos a também produzirem.

Grande parte das oportunidades de apresentação de trabalho para os alunos de graduação vem da participação deles em projetos de iniciação científica, o que não deixa de ser uma ótima oportunidade, mas muitas vezes se restringe a isso. Portanto, o incentivo à pesquisa corre o risco de ficar limitado a alguns alunos que conseguem entrar no PIBIC, não abrangendo muitos alunos da graduação. Para tentar diminuir essa falta de destaque aos graduandos nos congressos, podemos pensar em novas formas de apresentação, que não restrinjam a possibilidade de participação apenas a alunos PIBIC e que incentivem os outros alunos a também produzirem bons trabalhos e divulgá-los, tais como: reduzir o número de pôsteres por sessão; colocá-los como comunicações individuais, isto é, dispor os pôsteres em uma sala e solicitar uma breve apresentação do graduando, fazendo, em seguida, com que cada graduando fique à disposição para receber as perguntas e debater seu trabalho; ou apenas dispor de um horário específico que favoreça a participação dos congressistas nas apresentações dos estudantes.

Apesar de sabermos que é difícil beneficiar todos em um congresso, dando tempo suficiente para debates e exposições de ideias de forma equivalente para os participantes, acredito que não é muito interessante dar continuidade a essa tradição de desprestigio aos trabalhos de graduandos, considerando que, de certa forma, o futuro da divulgação científica em cada área do conhecimento depende deles. Me parece, então, muito mais eficaz formar bons pesquisadores e bons divulgadores científicos desde cedo, ainda na graduação, não é mesmo?

2 comentários:

  1. Gostei muito do post, Leila. Acho que essa é uma questão que precisa mesmo ser discutida. Até porque é através da produção e apresentação de trabalhos que os graduandos (nós, graduandos!) podemos alcançar experiência e maturidade acadêmica.

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  2. Um aplauso para sua ideia, Leila. É fato que os graduandos não dispõem de um preparo na estruturação do trabalho acadêmico (talvez), mas em matéria de conteúdo,às vezes, eles não deixam a desejar a muitos outros que já ultrapassaram a graduação.
    ELiana
    (O potencial do César eu já conheço)

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