Contato

cataphora@ufpi.edu.br / cataphora2008@gmail.com

Resumos das apresentações do I COGITE!

Veja a seguir os resumos das apresentações do I COGITE! Clique nos títulos das apresentações para ser direcionado para o resumo correspondente. 


8h às 9h Palestra

UMA VISÃO GERAL DOS ESTUDOS RETÓRICOS DE GÊNEROS - Francisco Alves Filho (UFPI) 


9h às 11h30 Gêneros jornalísticos na mídia 


NOTÍCIA: UM DIÁLOGO ENTRE IMPRENSA E RECEPÇÃO - Emanoel Barbosa de Sousa (UFPI) 




14h às 16h Gêneros no meio digital 






16h às 18h Gêneros no mundo do trabalho 

CONCEPÇÃO DO GÊNERO OFÍCIO EM MANUAIS OFICIAIS DE REDAÇÃO -Beatrice Nascimento Monteiro (UFPI)/Ismael Paulo Cardoso Alves (UFPI) 


OFÍCIO: PADRONIZAÇÃO E MUDANÇAS - Maria Roziane de Sousa Brito (UFPI) 

GÊNERO ENTREVISTA DE EMPREGO: UM GÊNERO MARCADO PELA FORMA? - Lafity dos Santos-Silva (IDB/UEMA) 



RESUMOS



UMA VISÃO GERAL DOS ESTUDOS RETÓRICOS DE GÊNEROS 


Francisco Alves Filho (UFPI) 


Desde a década de 1980, após a publicação do artigo Genre as social action, de Carolyn Miller, (re)inaugurou-se um modo de analisar os gêneros: vendo-os como ações sociais tipificadas recorrentes usadas em situações também recorrentes. De lá para cá, muitas pesquisas têm sido desenvolvidas inspiradas por esta visão, e mudanças significativas nos modos de conceber os textos e os gêneros foram postas em prática. O objetivo desta fala é fazer uma apresentação geral dos principais pontos teóricos e metodológicos dos estudos retóricos de gêneros, focando sobretudo nos conceitos de propósitos comunicativos, evento deflagrador e situação retórica. 


Voltar




GÊNERO ENTREVISTA DE EMPREGO: UM GÊNERO MARCADO PELA FORMA? 

Lafity dos Santos- Silva (IDB/UEMA) 


Nos estudos dos gêneros, a ênfase classificatória constitui-se como um agente problematizador. Para Devitt (2004), “Se chamamos gêneros, subgêneros ou modos, se compreendemos ou selecionamos, se geralmente aceitamos ou contestamos, esses sistemas de classificação de textos mantêm o gênero focado sobre produtos estáticos” (p. 6). E o problema é justamente em enxergamos o gênero como um produto estático, pois a preocupação em classificar os gêneros observando somente a estrutura reflete um conhecimento particular da área do pesquisador, mas não necessariamente a natureza do gênero, tendo em vista que a estrutura composicional de um gênero pode variar tanto de instituição para instituição como de grupo para grupo social. A autora, ao fazer uma análise dessa perspectiva, acredita que “questões classificatórias podem ser importantes pelas questões que levantam para cada campo de conhecimento, mas elas não definem a essência do gênero” (p. 7). Partindo dessa concepção teórica, bem como também dos pressupostos teóricos de Jamieson (1973) e Miller (1984), o objetivo principal desse trabalho é analisar a forma e a função do gênero entrevista de emprego à luz de seus usuários: entrevistadores, consultores e entrevistados. Para tanto, nossa análise conta com depoimentos de entrevistados e entrevistadores do comércio teresinense, bem como de depoimentos presentes em blogs direcionados, especificadamente, à entrevista de emprego. Analisamos também normas de comportamentos defendidas por consultores difundidas na internet. Diante dessa análise, podemos constatar que alguns candidatos alimentam a expectativa de que as perguntas nunca mudam, ao passo que outros supõem que elas mudam. Isso demonstra a dificuldade que os entrevistados têm em lidar com o gênero, já que ele é, ao mesmo tempo, estável e instável. 


Voltar




UMA SOCIOHISTÓRIA COM GÊNEROS DE DISCURSO: ESTUDO DE CASO COM EDITORIAL E NOTÍCIA NA IMPRENSA PIAUIENSE 


Digenário Pessoa de Sousa (UEMA) 


Este trabalho é, em parte, tributário de discussões levantadas em nossa dissertação de mestrado em que abordamos o gênero de discurso editorial de jornal em uma perspectiva sociohistórica. Nesse sentido, como intentamos discutir gênero como uma forma de comportamento linguageiro que é umbilicalmente relacionada com a história, algumas questões se tornam norteadoras de nosso raciocínio: O que significa fazer um estudo histórico com gêneros de discurso? Quais as implicações advindas da opção por um estudo histórico de gêneros? Como perceber a mudança nos gêneros de discurso? Buscamos responder a essas perguntas a partir de Alves Filho (2009), Bakhtin (1997; 2003), Devitt (2004), Miller (2009) e Bazerman (2005) de onde extraímos a noção de gênero como superestruturas sociais que refletem e refratam as infraestrtuturas da sociedade e, ao mesmo tempo, organizam e dão sentido às práticas sociais realizadas nas esferas de atividade humana. Dito de outro modo, os gêneros tanto agem sobre a estrutura social como são produtos dela. Por outro lado, nessa relação com a história, podem-se discutir também mudanças e permanências no funcionamento discursivo dos gêneros ao longo do tempo histórico. Desse modo, ilustraremos essa discussão com o estudo da construção do tema dos gêneros editorial e notícia na imprensa piauiense. Naquele daremos um enfoque longitudinal na perspectiva temporal, ao passo que neste o veremos em um recorte “sincrônico” recente. A ideia é defender a construção do tema como dependente das coordenadas espaço-temporais bem como dos sujeitos históricos que agenciam essa (re)construção da realidade a partir de interesses fundados em um tempo histórico específico. Para analisarmos a construção do tema nos gêneros em estudo, levamos em consideração, basicamente, (a) a natureza do assunto tratado, (b) as vozes sociais comumente presentes nos textos pertencentes a determinado tema, (c) a construção referencial e (d) a apreciação axiológica do assunto. Interpretado dessa forma, acreditamos que o gênero apresenta um potencial heurístico significativo para a compreensão das práticas sociais (em nosso caso particular, na mídia impressa piauiense), de como se dão as relações poder, de como (e quem) se constrói e se difunde versões da realidade. 


Voltar




DIALOGISMO E INTERTEXTUALIDADE NA CONSTRUÇÃO DO GÊNERO ARTIGO DE OPINIÃO 


Eliane Pereira dos Santos (UFPI) 


Partindo do princípio dialógico de Bakhtin, segundo o qual todo enunciado mantém relação de diálogo com outros enunciados, estendemos essa concepção à relação dialógica entre textos. Compreendendo que essas relações, mesmo entre textos, acontecem a partir de uma resposta valorativa do autor frente ao discurso do outro, consideramos que não se pode negligenciar, durante o processo de leitura, a intertextualidade como resultante de um processo seletivo e apreciativo por parte do autor. Diante disso questionamos como não reduzir a intertextualidade stricto sensu presente no gênero artigo de opinião a apenas uma inclusão passiva de um texto em outro? Nesse sentido, este artigo objetiva analisar a importância das relações dialógicas que ocorrem entre enunciados (dialogismo num sentido amplo) e entre textos (intertextualidade) na construção argumentativa do artigo de opinião. Entendemos que toda escrita surge a partir de uma orientação apreciativa do escritor, compreensão responsiva ativa, diante das relações dialógicas que mantém com outros enunciados já-ditos. O autor interage com o discurso do outro numa atitude valorativa que pode ser de refutação ou aceitação. Ressaltamos que em meio a esses dois extremos ecoam as vozes sociais, e diferentes estratégias de incorporação do discurso do outro, podendo este, por exemplo, ser refutado explicita, ou implicitamente. As diferentes maneiras de apropriação do discurso alheio vão depender, dentre outros aspectos, dos propósitos comunicativos socialmente construídos em torno do gênero artigo de opinião, bem como dos efeitos de sentido que o autor pretende construir para o leitor. As relações dialógicas ocorrem como resposta a enunciados anteriores e como previsão e antecipação a futuras réplicas. Essa antecipação, por parte do escritor da compreensão ativa do leitor, comprova o fato de que todo enunciado mantém um dialogo com enunciados futuros. O enunciado parte de um sujeito que ocupa um lugar social que lhe autoriza produzir esse gênero. O artigo de opinião, gênero da esfera jornalística, surge como resposta a um acontecimento social, portanto sua análise não pode ficar restrita à dimensão verbal, deve-se levar em conta o entorno sócio-ideológico no qual o gênero é produzido, pois as relações dialógicas das quais tratamos nesse estudo devem ser vistas como relações sociais, sendo a materialização linguística fruto de aspectos sócio-ideológicos. Com a análise de dois artigos de opinião da esfera jornalística, ambos sobre a polêmica em torno de um livro didático aprovado pelo MEC para o ensino de Língua Portuguesa em escolas públicas, foi possível perceber que os articulistas recorrem ao intertexto (texto alheio) com o intuito de contraditá-lo ou aceitá-lo. Em ambos os casos há o propósito argumentativo de convencer o leitor a aderir à ideia defendida pelo articulista e por todos aqueles que comungam com sua opinião. Percebemos nesse gênero o conflito persuasivo de vozes sociais (crenças construídas sócio-historicamente) que apontam para diferentes pontos de vista, cabendo ao articulista, organizá-las e integrá-las ao seu discurso como meio de persuadir o leitor. 

Voltar





NOTÍCIA: UM DIÁLOGO ENTRE IMPRENSA E RECEPÇÃO 

Emanoel Barbosa de Sousa (UFPI) 


O gênero notícia caracteriza-se por ser extremamente social, já que tem por propósito informar um acontecimento social relevante a determinada comunidade. Desta maneira, consideramos importante destacar a participação ativa do público no processo de recepção da notícia, através de enunciados concretos expostos em forma de comentários online a respeito daquilo que é informado no corpo da notícia. Pretendemos demonstrar como se dá o diálogo entre imprensa e recepção em um único espaço, configurando-se assim como um espaço democrático, em que não apenas os produtores da notícia se manifestam, mas onde também o público mostra sua opinião. Para o desenvolvimento deste estudo, tomamos por base a teoria dos gêneros na visão de Bakhtin (1997) e na dos teóricos da sociorretórica, como Miller (2009), Bazerman (2009) e Swalles (1990, 2001, 2004), que abordam o gênero dentro das atividades na comunidade discursiva, levando em conta a opinião dos usuários a respeito das ações praticadas por meio do gênero. Apoiamo-nos ainda nos teóricos da comunicação que compartilham esta mesma visão de gênero, como é o caso de Sousa (2002) e Correia (2009). Analisamos notícias sobre a manifestação dos estudantes em Teresina contra o aumento da passagem do transporte coletivo municipal em 2011 publicadas no Portal Meio Norte. Mostramos neste estudo a atuação dos propósitos comunicativos nas notícias, explicitando os conceitos de gênero retórico, propósitos comunicativos e função exercida pela empresa jornalística por meio do gênero na comunidade local. Consideramos que quando a empresa de comunicação publica uma noticia, esta pode não só informar, pois a notícia só se esgota no momento de seu consumo, em que passa a fazer parte dos referentes da realidade, sendo assim de significativa relevância a interpretação por parte da recepção a respeito do que é mostrado. 

Voltar




O GÊNERO EDITORIAL E A “VIRGINDADE EMOCIONAL”: MITO OU REALIDADE? 

João Benvindo de Moura (UFPI) 


O editorial, tal qual o texto científico, é visto pelo imaginário social como algo frio, impessoal, não emocional. Ao observarmos esse gênero textual, verificamos que razão e emoção parecem pertencer a domínios completamente antagônicos. Sem dúvida, as origens dessa separação remontam à oposição instaurada entre a razão e a emoção, que surge muito cedo na história da Filosofia. Essa oposição pressupõe frequentemente uma hierarquia entre dois polos, de tal forma que a emoção, primitiva, bestial, perigosa, desempenha um papel inferior ao da razão, sob o controle da qual deve ser colocada (Solomon, 1993). De acordo com Doury (2002), a estrutura científica, essencialmente processual, na qual o pensamento avança sob o controle rigoroso de protocolos lógico-experimentais, é vista como antinômica das emoções. Ainda a respeito da frieza científica, a autora afirma que essa “virgindade emocional” da ciência não constitui uma descrição da prática científica efetiva. Tal qual o discurso científico, o editorial também pode conter um alto índice de patemização, jogando por terra o mito da suposta virgindade emocional. Já não se pode mais ignorar a emoção como o fizeram Platão, seguido por outros tantos filósofos como Santo Agostinho até chegar a Kant e Descartes. Para o último, as paixões seriam signo de doença e, somente se fossem alijadas, a mente estaria em perfeita saúde. O presente trabalho é um recorte da minha pesquisa de doutorado na UFMG que trata dos processos argumentativos em editoriais da imprensa escrita do Piauí no período de 2007 a 2010. Nele, partimos das concepções de ethos, pathos e logos presentes na Retórica aristotélica e exploramos tais noções em trabalhos de autores contemporâneos, como Doury (2002), Amossy (2005) e Charaudeau (2010). Por meio de tal estudo, partimos do slogan do atual governo do Piauí “É feliz quem vive aqui” e destacamos o papel de destaque do pathos na construção de discursos jornalísticos veiculados pela imprensa local, considerando suas especificidades e peculiaridades regionais, constituídas mútua e polemicamente em torno de alguns acontecimentos políticos. Observamos as principais construções discursivas que visam a persuadir ou convencer os leitores através do recurso da patemização. Para efeito de análise, utilizamos um editorial publicado pelo jornal Meio Norte, do estado do Piauí, em três de abril de 2010, e, através desse discurso escrito, sublinhamos e analisamos o potencial patêmico dos marcadores argumentativos que reforçam a verdade, isto é, a ideia sobre a qual o orador deseja que seu auditório reflita e acolha. Nos discursos analisados, a emoção funciona como uma representação social, originando-se numa “racionalidade subjetiva”. Tal possibilidade faz do enunciador um porta-voz da sociedade, capaz de operacionalizar uma rede discursiva que favoreça o surgimento de adesões e comportamentos positivos frente ao conjunto de ideias formulado. 


Voltar




AS NOÇÕES DE RETEXTUALIZAÇÃO E DIALOGISMO: ONDE UMA TERMINA E A OUTRA COMEÇA? 


Maria Lourdilene Vieira (UFMA/UFMG) 


Nesta comunicação, refletimos acerca de duas noções que acreditamos manterem uma inter-relação significativa: a noção de retextualização e a de dialogismo. Isto porque se entendermos, como Bakhtin/Volochínov (1988), que dialogismo é definido como as relações de sentido que se estabelecem entre dois enunciados e se caracteriza por todo texto ou discurso não se construir sozinho e sim ser elaborado a partir de outro, em que dialoga – numa visão de recepção/compreensão ativa – e retextualização como o fenômeno textual que se caracteriza por um texto ser elaborado a partir das informações de um primeiro, numa transformação de uma modalidade textual para outra (Cf. Dell’Isola, 2007), estaremos, de certa forma, tratando de noções que se entrelaçam. Admitimos que, em se tratando de uma e de outra, pisamos em planos teóricos até certo ponto distintos: a noção de dialogismo, segundo Fiorin (2008), funda a própria noção de linguagem para Bakhtin, sendo o princípio constitutivo do enunciado, já a de retextualização, sendo um processo textual, estaria no plano do texto, o que a faz diferente da primeira, mas abarca uma série de operações específicas que têm em vista o funcionamento da linguagem – Segundo Dell’Isola (2007), envolve operações complexas do âmbito do código linguístico e do sentido. Daí, uma série de reflexões surgem acerca do que de fato abranja cada uma das noções e, em se tratando de uma, o que estaremos considerando da outra. 

Voltar




PROPAGANDAS DE CARROS EM JORNAIS IMPRESSOS DE 1950 A 2010: UMA PERSPECTIVA DIALÓGICA 


Samarina Soares de Sá (UFPI) 


Este trabalho visa analisar as propagandas de carros veiculadas em jornais impressos que circularam em Teresina de 1950 a 2010, estabelecendo discussões centradas nos conceitos propostos pelo Círculo de Bakhtin, tais como: diálogo, dialogismo, relações dialógicas e construção do sujeito dialógico. Se considerarmos que “a orientação dialógica é naturalmente um fenômeno próprio a todo discurso” (BAKHTIN, 1988), as propagandas não estão imunes a estas manifestações. Dessa forma, numa perspectiva diacrônica, o que se busca é refletir sobre as propostas dialógicas presentes no gênero propaganda, enfatizando que o diálogo é arena de constantes conflitos, no qual diversas vozes socioculturais se manifestam a fim de acomodar suas respectivas “verdades”. Buscar-se-á, ainda, discutir a noção de sujeito dialógico, o qual emerge das relações sociais e vê-se cercado de vozes heteroglóssicas que ajudam a construir um mundo interior profundamente dinâmico e inesgotável. Tais considerações serão realizadas com base em corpus coletado em jornais como O Piauí, O Dia, Jornal do Piauí, entre outros, todos presentes no Arquivo Público do Piauí. Sendo assim, esta breve análise, utilizará corpus correspondente a sessenta anos de propagandas impressas a fim de elucidar os conceitos supra citados. 

Voltar





CONCEPÇÃO DO GÊNERO OFÍCIO EM MANUAIS OFICIAIS DE REDAÇÃO 

Beatrice Nascimento Monteiro (UFPI) 
Ismael Paulo Cardoso Alves (UFPI) 


O presente trabalho busca examinar de que forma o gênero ofício é definido em Manuais Oficiais de Redação de diferentes esferas administrativas do Estado Brasileiro. A metodologia adotada no trabalho baseia-se no exame de 20 Manuais Oficiais de Redação. Procederemos a essa análise por meio de uma comparação entre manuais dos âmbitos federal, estadual, municipal e distrital. Analisaremos também quais aspectos são observados pelos manuais e quais não são ressaltados por estes, fundamentando-nos em categorias observadas por expoente teóricos do estudo recente sobre gêneros, tais como: Miller, Askehave e Swales, Bhatia. Assim, pretendemos observar que concepção de gênero é veiculada pelos manuais observados e se esta concepção é equiparável a que é veiculada pela atual teoria sobre os gêneros, com base nos teóricos supracitados. Para Miller (1984), a classificação dos gêneros deve incluir o modo como retores e audiências reais compreendem o discurso que usam. Nesse sentido, um exame da abordagem sobre o gênero ofício feita pelos Manuais Oficiais é elucidativo porque estes constituem uma fonte de orientação para os usuários. Swales e Askehave destacam que grandes avanços têm ocorrido no estudo dos gêneros no tocante à compreensão dos papéis do discurso na sociedade contemporânea. A questão sobre a qual nos debruçamos aqui é se a função social dos gêneros é contemplada na abordagem destes manuais. Bhatia (1997b) aponta três traços marcantes que caracterizam o gênero: o conhecimento convencionado, que confere ao gênero integridade; a versatilidade da descrição dos gêneros e a tendência para a inovação. Verificaremos se tais pontos da teoria do gênero são abarcados pelos Manuais e de que modo isto ocorre. Desse modo, buscaremos relacionar o entendimento de gênero dos teóricos acima citados e a compreensão que os Manuais veiculam para os usuários, afinal, sendo os gêneros entidades socialmente reconhecíveis, é interessante para a análise a investigação de que aspectos do gênero são reconhecidos pelos Manuais, fonte de orientação para usuários. 


Voltar




QUAL O EVENTO DEFLAGRADOR E O PROPÓSITO COMUNICATIVO DA CARTA DE RECOMENDAÇÃO? 


César Augusto Alves dos Santos (UFPI) 


Os gêneros de certas comunidades profissionais funcionam de acordo com as formas como seus usuários se utilizam deles, sendo possível ou não que esses usuários provoquem mudanças, evoluções ou modificações de seu(s) propósito(s) comunicativo(s). De acordo com cada intenção dos usuários, os gêneros são utilizados para auxiliar as interações sociais, produzindo uma organização da sociedade (MARCUSCHI, 2003). Este trabalho tem como finalidade verificar qual o evento deflagrador, o motivo pelo qual o gênero foi produzido (ALVES FILHO, 2011), e qual(is) o(s) propósito(s) comunicativo(s) presente(s) nas cartas de recomendação produzidas nos escritórios de contabilidade. Para fazer essa análise, adotamos os pressupostos teóricos de Miller (2009), a qual defende serem os gêneros uma forma de ação social, pois eles são utilizados em resposta a uma situação retórica. Analisamos os depoimentos de contadores que produzem o gênero carta de recomendação, com o intuito de verificar como os usuários desse gênero, profissionais dos escritórios de contabilidade, o reconhecem e o distinguem enquanto gênero (CARVALHO, 2005). Além de analisar os textos produzidos pelos contadores como produtos resultantes do trabalho dessa classe, que definem e constituem essa comunidade complexa (DEVITT, 1991). A coleta de dados foi feita nos escritórios de contabilidade nas cidades de Teresina-PI e Floriano-PI, com profissionais com mais de dez anos de experiência na área de atuação e os textos fornecidos foram escolhidos e cedidos pelos próprios contadores. 




Voltar




OFÍCIO: PADRONIZAÇÃO E MUDANÇAS 

 Maria Roziane de Sousa Brito (UFPI) 


As teorias de gênero defendem que os gêneros são ao mesmo tempo estáveis e flexíveis, o que equivale dizer, que isto os permite serem adaptados às mais diversas situações e necessidades, por seus diferentes usuários (DEVITT, 2004), ou como disse Bakhtin (2003), os gêneros são tipos relativamente estáveis de enunciados, ou seja, relativamente refere-se a esse caráter dinâmico dos gêneros de poderem ser modificados a fim de responder a uma necessidade específica de dada comunidade discursiva, em determinada situação. E estáveis refere-se ao que a teoria da nova retórica denominou de recorrência, ou seja, aquilo que funciona no gênero, quer seja na estrutura ou no seu funcionamento, de maneira semelhante, independente da situação, por exemplo, o gênero ofício é usado como uma comunicação entre instituições e destas com os cidadãos, mas não entre pessoas físicas, estas quando querem solicitar alguma coisa a outra pessoa ou fazer um convite ou ainda parabenizar alguém, (alguns dos propósitos comunicativos alcançados por meio do gênero oficio) utilizam-se de outros gêneros como um telefonema, uma carta, um e-mail, uma mensagem de texto, um convite impresso, etc. Pensando dessa forma, a teoria da nova retórica (DEVITT, 2004) considera o indivíduo, não sozinho, mas em suas ações sociais e imbuído de seu papel social como importante para a manutenção ou mudança dos gêneros. Ao contrário, entretanto, do que diz a teoria da nova retórica podemos perceber que algumas práticas não são tão sensíveis a essa flexibilidade, como é o caso do gênero ofício, cuja padronização da escrita, a determinação de quem pode ou não escrevê-lo ou dos elementos que devem compor esse gênero, dentre outras coisas, regra bastante a ação do indivíduo não permitindo muitas variações no uso desse gênero. Tendo em vista esse fato, pretendemos mostrar através de exemplares reais de ofícios essa padronização, bem como o que é possível ser modificado. 

Voltar




VELHAS EXIGÊNCIAS E NOVAS POSSIBILIDADES: COMO AS UNIVERSIDADES ESTÃO AGINDO NA INTERNET? 


Bruno Diego de Resende Castro (UFPI) 


Com esta pesquisa pretendemos investigar os usos que as instituições fazem do Twitter, para saber se existem novos usos ou se o Twitter é utilizado apenas como chamariz para o site da instituição. Esse estudo possibilitará entender como o Twitter funciona em um domínio discursivo específico. Como aporte teórico, utilizamos Marcuschi (2008) e Bakhtin (1997), que propõem estudar os gêneros relacionados a instância discursiva por onde circulam, já que cada domínio discursivo ou esfera da atividade humana (jornalístico, jurídico, religioso etc.) possui práticas discursivas singulares. Outros teóricos importantes para a presente pesquisa são Askehave e Swales (2009), que discutem o problema de se considerar o propósito comunicativo como sendo uma categoria privilegiada no estudo de gêneros. Nos baseamos também, em Miller (2009) que estuda as affordances no meio digital como sendo possibilidades e restrições de determinados usos comunicativos. Para fundamentar a investigação do meio digital como um influenciador do gênero do discurso, nos apoiaremos em Lévy (1999) que discute a construção da tecnologia a partir das ideias e intenções que possibilitam desenvolver determinadas técnicas. Nosso corpus é composto por postagens do perfil institucional no Twitter e pelas notícias veiculadas pelo site dessas mesmas instituições. Verificamos que existem poucas diferenças entre as empresas em relação ao uso do Twitter, já que as empresas públicas e privadas ainda não atingiram um nível de interação desejado pelos usuários. Ou seja, há na esfera pública e privada pouca utilização do microblog no sentido de ouvir as críticas dos usuários ou resolver os problemas apontados por eles, todavia, as empresas privadas utilizam um pouco mais essas affordances do que as empresas públicas. Então, o pouco uso de certas affordances (como replys, retweets, hashtags e direct messages) faz com que o Twitter funcione muito mais como uma ponte para o site da instituição do que como um canal a mais da comunicação entre instituição e usuário. Observamos também que algumas práticas antigas, como a veiculação, através das mídias tradicionais (televisão, rádio e jornal impresso), de uma imagem positiva da instituição, continuam sendo comuns, tanto em empresas públicas como privadas. 

Voltar




O PROBLEMA DA RELAÇÃO ENTRE GÊNERO E MEIO DIGITAL: GÊNERO OU CONJUNTO DE AFFORDANCES

Leila Rachel Barbosa Alexandre (UFPI) 


Nos estudos de gêneros digitais, é comum nos depararmos com discussões sobre o que são gêneros ou suportes quando falamos de e-mail, Blog, Twitter. Esse é um problema que advém, acreditamos da relação ainda não muito bem esclarecida entre gêneros e meio, como um todo, e, mais especificamente, entre gêneros e meio digital. Acreditamos que a relação gênero-meio deve ser analisada no estudo de gêneros digitais não porque sua importância seja exclusiva para os gêneros digitais, mas porque o meio digital é relativamente novo e suas potencialidades em relação às práticas de linguagem que pode conter ainda não são totalmente conhecidas. Além disso, as características dos novos gêneros que esse meio comporta são, em grande parte, reflexo das características desse meio. Para falar dessa relação, nos basearemos, principalmente, nas noções sobre affordances de Miller (2009), que são as capacidades tecnológicas de um meio. Na Internet, temos, como exemplos de affordances, as possibilidades de compartilhamento de arquivos com muita rapidez, de uso de vídeo, som, imagem e texto, de manipulação maior de elementos gráficos, de indexação e busca, de uso de links. A totalidade das affordances de um meio podem ser subdividas em componentes do meio que influenciam ainda mais “de perto” os gêneros: são os conjuntos de affordances, configurações específicas de possibilidades ou capacidades tecnológicas reunidas, geralmente, sob um rótulo comum (Blog, site, Twitter, por exemplo) e que se assemelham, em grande parte, com o que conhecemos como suporte. Conjuntos de affordances específicos fazem com que certos gêneros sejam mais passíveis de acontecer do que outros em determinado meio. Embora seja comum a todos os meios, a noção de conjunto de affordances é particularmente interessante para o estudo dos gêneros digitais, porque ela permite entender melhor a relação e distinção entre gênero e software/serviço/mídia. Se ser gênero significa dizer que um conjunto de textos apresenta semelhanças, principalmente no que se refere à ação social que promovem, como explicar, por exemplo, tipos de e-mail tão diferentes, como um e-mail profissional e um e-mail do tipo “corrente”? Ao que parece, o que no início podia ser um único gênero, como o e-mail, adquiriu novos usos, tornando possível diferenciar o conjunto de affordancese-mail” dos gêneros que ali são permitidos (e-mail pessoal, corrente, e-mail profissional, etc.), hipótese que pretendemos verificar neste trabalho, ao analisar as práticas de linguagem praticadas, além do e-mail, no Blog e no Twitter

Voltar




AS FUNÇÕES DO USO DO TWITTER PELOS POLÍTICOS DO ESTADO DO PIAUÍ 


Marina Oliveira Lélis Viana (UFPI) 


O presente trabalho se propõe a analisar os perfis dos políticos do Estado do Piauí no Twitter. A proposta desta pesquisa é identificar as funções do uso do Twitter por esses políticos e observar o que o microblog pode trazer de novidade nas relações entre o político e a sociedade. Observando as eleições no ano de 2010, no Estado do Piauí, percebemos que candidatos e partidos políticos fizeram uso corrente da Internet, pois além de utilizarem em suas campanhas gêneros já conhecidos pela sociedade, tais como panfletos, cartazes, dentre outros, eles buscaram novos meios de divulgação de suas campanhas, como através do Twitter, por exemplo. Entendemos que os gêneros estão em constante processo de mudança. Com o surgimento das novas tecnologias, os gêneros antigos podem se transformar ou podem surgir novos gêneros de acordo com as necessidades comunicativas de seus usuários. Percebemos também que os gêneros são dinâmicos e que eles variam sócio-historicamente, algo que fica bem visível, atualmente na Internet que faz parte do nosso cotidiano e onde, podem surgir, com maior rapidez, novos gêneros ou gêneros já existentes com novas roupagens. Para sua realização e melhor entendimento sobre os gêneros, no que se refere à estrutura, função, propósitos comunicativos, entre outras noções sobre o tema tratado, nos apoiamos nos estudos de Bakhtin (2003), Bazerman (2005) e Devitt (2004), além de outros textos que tratam mais especificamente dos gêneros digitais, como Miller (2009). As análises mostram que esses políticos estão usando o Twitter para publicar notícias, mostrar seu trabalho para a sociedade, ressaltar os problemas do governo atual, fazer campanhas eleitorais, conversar com seus seguidores, entre outras possibilidades que o microblog oferece aos usuários. Sendo assim, é possível afirmar que o Twitter está renovando as formas de fazer política aproximou político e sociedade, essa aproximação é direta sem precisar de intermédio da mídia jornalística, assim podemos dizer que firmou-se uma nova forma de comunicação, onde opinião pública parece estar mais presente influenciando nas ações dos políticos. 


Voltar




A RECATEGORIZAÇÃO COMO GATILHO PARA A CONSTRUÇÃO DO EFEITO IRÔNICO EM POSTAGENS DO TWITTER 

Silvana Maria Calixto de Lima (UESPI/UFPI) 

Neste trabalho, investigamos o fenômeno da recategorização referencial em interações virtuais mediadas pelo Twitter. Tal fenômeno linguístico tem a sua concepção primeira, no âmbito da Linguística de Texto, na forma de uma estratégia de designação pela qual os referentes apresentados no texto/discurso podem sofrer constantes remodulações em função dos propósitos comunicativos dos interlocutores, conforme proposição de Apothéloz e Reichler-Béguelin (1995). Não obstante, o processo de recategorização, neste estudo, é concebido de uma forma mais ampla, na qual se atenta também para a sua face cognitiva, razão pela qual lhe dispensamos um tratamento cognitivo-discursivo, conforme delineado em Lima (2009). Assim sendo, o nosso objetivo é investigar, particularmente, como ocorrências linguísticas do processo de recategorização podem engatilhar a construção do efeito irônico no Twitter, especificamente em postagens relacionadas ao uso dessa ferramenta para conversas diretas entre pessoas ou grupos. Para o cumprimento desse propósito, analisamos um corpus constituído por dez postagens do Twitter nas quais esse tipo de ocorrência se faz presente com maior ou menor grau de explícitude. Os resultados da análise apontam para a produtividade da recategorização como gatilho para a construção do efeito de sentido irônico nas postagens do Twitter, ampliando também a investigação desse processo referencial aplicada ao contexto de um gênero configurado num espaço virtual. Julgamos que esses resultados possam servir ainda como subsídios para outros estudos na área da Linguística de Texto, principalmente no que diz respeito, dentre outros aspectos, ao estudo da funcionalidade do gênero postagem do Twitter, matéria de caráter ainda bastante profícuo no campo da investigação linguística. 
Voltar

Nenhum comentário:

Postar um comentário